Responsáveis pela preparação do cantor para o velório vão responder por vilipêndio a cadáver
Dois funcionários da Clínica Oeste, que filmaram a preparação do corpo do cantor Cristiano Araújo para o funeral, foram demitidos por justa causa da empresa e indiciados pela Polícia Civil de Goiás nesta sexta-feira. Segundo o delegado do 4ª Distrito Policial de Goiânia, Eli José de Oliveira, os empregados irão responder pelo artigo 212 do Código Penal Brasileiro, por vilipêndio a cadáver. No vídeo, que acabou circulando pelas redes sociais e por aplicativos de mensagem nesta quinta-feira, uma das funcionárias filma com o celular o colega preparando o corpo e até mesmo o processo de retirada dos órgãos. Por fim, ela vira a câmera para si mesma. Oliveira afirma que, em depoimento, a responsável pela filmagem diz ter sido um "ato impensado" e que nunca tinha feito isso durante seus quatro anos na empresa.
O inquérito partiu de uma investigação sobre a possibilidade de o vídeo ter saído do Instituto Médico Legal (IML). Porém, foi comprovado que o IML não estava envolvido na gravação. De acordo com Oliveira, a clínica funerária tem um regimento rigoroso em relação a filmagens e fotos, que são proibidas durante a prestação do serviço.
Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira, o delegado Eduardo Prado, da Delegacia do Consumidor (Decon), falou sobre o caso e condenou a atitude dos profissionais. "As pessoas serão punidas e a investigação já está sendo feita. A clínica pode até ser interditada", afirmou. Se forem condenados, os dois empregados podem ser sentenciados de um a três anos de prisão e multa. "A pena é branda, mas que sirva de exemplo para outros casos no futuro", diz Prado.
Segundo o depoimento da funcionária, o vídeo teria sido divulgado por um amigo, que pediu para ver a gravação. Oliveira conta que este terceiro envolvido também será investigado.
O acidente - O carro em que o sertanejo estava saiu da pista e capotou às 3 horas da manhã. Ele foi atendido no Hospital Municipal de Morrinhos e depois transferido inconsciente em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Móvel para Goiânia, onde chegou pela manhã, já morto. Allana já estava morta quando foi encontrada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Goiás. Mais duas pessoas estavam no carro, o segurança Ronaldo Ribeiro, que dirigia a Land Rover, e o empresário Victor Leonardo. Ambos passam bem.
Sem cinto - A PRF de Goiás suspeita que Cristiano e Allana estivessem sem cinto de segurança no banco de trás do veículo. "Os cintos estavam na posição normal, intactos. Tudo leva a crer que eles não estavam sendo usados na hora do acidente", disse o inspetor Newton Moraes ao site de VEJA. A moça foi encontrada a cerca de cinco metros de distância do carro. Outra evidência da falta do cinto de segurança é que os estragos do acidente foram causados principalmente na parte da frente do carro e quase nada atrás.
Entre as hipóteses do acidente está a de excesso de velocidade. "A velocidade máxima permitida na estrada é de 110 quilômetros por hora. É uma estrada boa, plana, sem irregularidades. Para o carro ter a avaria que teve, devia estar acima da velocidade máxima", acredita Moraes. O motorista fez o teste do bafômetro e não estava alcoolizado. De acordo com o inspetor, Ribeiro afirmou aos policiais que pôde perceber que um pneu furou, mas não soube precisar o momento em que isso aconteceu.