Todo o esqueleto de uma serpente de quatro patas foi descoberto em sedimentos do Cretáceo Inferior no Brasil, quando este ainda era uma parte de Gondwana. Os resultados, publicados na revista Science desta semana, sugerem que as serpentes elegantes de hoje evoluíram de um ancestral que escavava e não nadava.

Existem mais de 3.000 espécies de serpentes hoje, e apesar de não terem braços ou pernas, elas conseguem  subir, rastejar, deslizar, e nadar em uma vasta gama de habitats. No entanto, ainda estamos incertos sobre as suas origens. Fósseis descobertos recentemente têm ajudado a nossa compreensão da transição lagarto-cobra.



No início deste ano, por exemplo, os fósseis de quatro novas espécies que viveram mais de cem milhões de anos atrás foram descobertos em coleções de museus. E enquanto alguns fósseis de cobras têm ostentado membros posteriores, nenhuma cobra com quatro membros foi relatada até agora.



Este novo esqueleto articulado (imagem do topo) de uma espécie previamente desconhecida foi descoberto na Formação Crato, no Ceará, Brasil, e veio completo com tecidos moles e até mesmo o conteúdo do estômago. David Martill e seus colegas da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, analisaram os restos fossilizados notáveis ​​e realizaram quatro análises filogenéticas para ver onde o animal se encaixa na árvore genealógica evolutiva da cobra. Eles descobriram que a nova espécie é, de fato, um antepassado das cobras de hoje. Nomearam-a de Tetrapodophis amplectus, e ela viveu entre 146 e 100 milhões de anos atrás.

A Tetrapodophis tem muitas características clássicas de cobras: tamanho, dentes em forma de gancho, uma longa caixa craniana, um corpo alongado (com mais de 150 vértebras), e um focinho curto, com uma mandíbula flexível para engolir grandes presas inteiras. Ela ainda possui a estrutura de uma coluna vertebral que oferece a extrema flexibilidade necessária para contrair presas.

Claro, as maiores diferenças são os quatro membros, que não parecem ter sido usados para locomoção ou escavação. Os membros mais curtos lembram os pés preênseis de alguns pássaros, preguiças, e morcegos – o que sugere que esses membros foram adaptadas para se agarrar. A Tetrapodophis pode ter usado os seus membros anteriores e posteriores para aproveitar presas vertebradas e/ou apertar o(a) parceiro(a) durante o acasalamento. Ou talvez ela ainda subia em árvores. [IFLScience]


 
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