Meninos de sete e oito anos pediram ajuda, mas os pais não conseguiram salvá-los em incêndio
O garotinho Leonardo Bauer de Alvarenga, de 3 anos, ainda é pequeno demais para assimilar o que aconteceu com os irmãos, que morreram queimados em um incêndio na manhã desta segunda-feira. Mesmo assim, parece maduro o suficiente para compreender o sofrimento da mãe. É ele quem dá o consolo à Sandriele Mara Bauer. Acaricia os seus cabelos e a abraça forte ao mesmo tempo em que recebe colo.

Sandriele e o marido, William Sérgio Leite de Alvarenga, ambos de 23 anos, perderam dois dos quatro filhos em um incêndio rápido e rasteiro que atingiu a casa da família, na rua dos Portões, no bairro Embuial, em Mafra, no Planalto Norte de Santa Catarina.


O fogo começou no quarto onde dormiam os filhos Ruan, de 8, e Renan, de 7 anos, por volta de 6 horas desta segunda-feira.

Quando ouviu o pedido de socorro das crianças, o pai levantou com um pulo e correu para tentar salvá-las. Willian sofreu queimaduras na cabeça ao enfrentar as chamas. Ele arrombou a porta, mas as labaredas cresceram ainda mais e o impediram de alcançar os pequenos.

A tentativa do avô Sérgio de apagar as chamas com um extintor de incêndio foi em vão.

Ele é vizinho do filho e se mobilizou rapidamente para tentar conter o fogo. Os bombeiros também foram acionados, mas a velocidade das chamas foi maior e não houve tempo de salvá-los.

Os dois irmãos, que eram muito apegados um ao outro, morreram juntos, lado a lado. Os corpos foram encontrados próximos à janela do quarto. O avô suspeita que o incêndio pode ter ocorrido em função de um aquecedor que estaria ligado dentro do quarto. Porém, a causa só poderá ser comprovada após a perícia.



— O mais velho era muito apegado a mim. Todo dia de manhã ele me chamava bem cedo. Estava sempre comigo — lembrou Sérgio Leite de Alvarenga, de 42 anos.

O choro do pai das crianças é rouco, de quem não tem mais forças para expressar tanta desolação. A mãe se mantém em pé à base de calmantes. A avó Marciane chama pelos netos e não se conforma com a tragédia.

— Ruan? Meu Ruan? A vó vai cuidar de vocês — lamenta ela, como se falasse com os meninos.

A tristeza da família Alvarenga comoveu toda a vizinhança. Aos poucos, os familiares chegam para prestar solidariedade. O incêndio danificou toda a estrutura da casa que Willian ainda estava terminando de pagar. Era uma casa simples de alvenaria. Não houve tempo de recuperar os pertences.

As crianças serão veladas no pátio de uma creche próxima à residência da família. O enterro está previsto para acontecer na tarde desta terça-feira.
 
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